Do Desemprego ao Meu Primeiro Site: Uma Jornada de Autodescoberta no Desenvolvimento Web

A verdade é que meu primeiro site — aquele que fiz completamente sozinho — é um motivo de imenso orgulho. Não porque foi fácil, nem porque decidi me aventurar no desenvolvimento web do dia para a noite. Longe disso. Minha história no mundo da programação começou bem antes, como um jovem analista de dados e “faz-tudo” no backend de uma distribuidora.

Adorava mergulhar em cálculos, desvendar padrões ocultos em montanhas de dados com o poder do Python, algo que parecia mágico para os outros. Contudo, minha paixão ia além dos números: o que realmente me fascinava era o backend complexo, um universo onde, de vez em quando, eu tinha a chance de fazer uma requisição aqui, criar uma rota ali, ou implementar um CRUD básico. Pequenos passos, mas que já acendiam minha curiosidade.

Essa rotina seguiu até que, de repente, me vi desempregado. Meu contrato temporário não seria renovado por falta de demanda. Com as contas para pagar e a necessidade de me reinventar, a pressão bateu forte. Foi nesse momento que entendi: precisava preencher meu portfólio com projetos reais, estudar incessantemente, virar noites com cursos, códigos e documentações, fazer coisas que nunca havia feito antes, explorar novas áreas e me tornar o melhor programador que eu pudesse ser. E foi exatamente nesse cenário de desafios que meu primeiro site começou a tomar forma.


Com o desemprego batendo à porta e a urgência de recolocação, minha primeira ação foi clara: eu precisava de um plano. O que fazer? Quais projetos iniciar? Em quais áreas me aprofundar para ser relevante no mercado, especialmente com o tempo se esgotando? A resposta veio naturalmente: Backend. Era uma área com a qual já tinha alguma familiaridade e um fascínio que me impulsionava.

Foi assim que mergulhei de cabeça no universo das APIs completas, explorando frameworks poderosos como Flask e FastAPI. Devorei cursos – um da DIO, em particular, foi crucial –, criei projetos práticos e, para solidificar meu aprendizado, desenvolvi uma API completa totalmente do zero e por conta própria. Não satisfeito, ainda me desafiei a criar uma variação desse mesmo projeto, reescrita do início ao fim em GoLang. A sensação de construir sistemas robustos e funcionais era incrível.

Porém, ao término dessa jornada de aprendizado intensivo, uma nova questão surgiu, me deixando um pouco perdido: como eu mostraria todo esse trabalho para o mundo? Como um programador Backend, entregando soluções nos bastidores, eu me perguntava: como chamar atenção? Como transformar todo aquele conhecimento e projetos em algo tangível para quem buscava um desenvolvedor? Foi então que a ideia de criar um site como portfólio se acendeu. Não seria apenas uma vitrine de código, mas um espaço onde eu poderia expor meus projetos, minhas ideias, e, acima de tudo, mostrar quem eu realmente sou como pessoa e, principalmente, como desenvolvedor. Essa seria a ponte entre meu trabalho invisível no backend e o reconhecimento que eu buscava.


A ideia do portfólio já estava plantada, e eu tinha uma base sólida em Python desde um curso que comecei em 2024, ainda no exército. Aquela chama pela tecnologia que acendeu em mim lá em 2019, agora, anos depois, havia se transformado em um incêndio. A busca pelo desconhecido, a vontade de inovar e de fazer mais era inegável. Decidi, então, revisitar o módulo de Django e colocar a mão na massa. A meta era simples: usar o projeto do curso como guia enquanto construía meu próprio site em paralelo.

Porém, o inevitável aconteceu. Em determinado ponto, o frontend virou um pesadelo. Responsividade dando erro, falta de direção, e a sensação de estar codificando sem um objetivo claro. Eu estava fazendo, mas não sabia o que realmente estava fazendo, nem qual era o resultado final que eu queria alcançar. Isso gerou uma série de problemas. O backend estava impecável, pelo menos a parte que já tinha sido desenvolvida, mas o frontend... ah, o frontend estava completamente sem rumo.

Parei. Respirei fundo. O que eu havia feito de errado para chegar a um ponto tão crítico que não conseguia nem recuar? Outro problema se somou: o projeto do curso estava pronto, e eu estava começando outro apenas para solidificar o conhecimento. Claramente, o gargalo era o frontend. Minha decisão foi imediata: era hora de aprimorar minha stack de frontend, mergulhando de cabeça em JavaScript, HTML e CSS. Não bastava fazer "na raça"; eu precisava estudar e entender de verdade.

Mas ainda havia outra questão crucial: organização. Lembrei-me das aulas da faculdade e decidi aplicar algo que eu não era tão fã: documentação e organização de projetos. Eu nunca fui o tipo que criava diagramas ou documentos de arquitetura; meu papel sempre foi seguir um plano existente, fazendo o que achava bom e, às vezes, melhorando-o. Dessa vez, seria diferente.

Passei um dia inteiro dedicado a criar um Documento de Arquitetura de Software, Documentação de Especificação de Requisitos, Documentação de Casos de Uso e de Fluxo de Usuário, além de todos os diagramas e o UX design completo do site. Finalmente, comecei do zero, mas da maneira correta. Eu sabia exatamente o que fazer. E, naquela mesma madrugada, consegui concluir 90% do site. O que faltava eram apenas detalhes: imagens melhores, uma página de administrador mais robusta e alguns toques de animação com JavaScript. A frustração havia se transformado em clareza e, mais importante, em progresso concreto.

Na mesma semana, os últimos detalhes foram finalizados. O site estava pronto. E mais importante: estava no ar. Aquele projeto, que começou como uma necessidade e se transformou em uma jornada de autodescoberta, estava finalmente completo.

Com ele, aprendi mais do que em qualquer curso ou trabalho anterior. Sempre soube que colocar a mão na massa era a melhor forma de aprender, mas essa experiência superou todas as expectativas. De um programador backend medíocre, ou no máximo mediano, me tornei um profissional muito melhor, mais completo e, acima de tudo, que sabe se virar — porque tive que me virar.

A experiência de criar um site do zero, pela primeira vez, foi excepcional e a recomendo a todos. Não importa o quão bom você seja na sua área atual, desafiar-se a fazer algo completamente novo é uma das melhores coisas que existem. Isso te dá uma sensação única, um conhecimento inefável que só a prática real pode proporcionar, e te eleva a outro patamar como desenvolvedor. Meu primeiro site não foi apenas um portfólio; foi o marco da minha verdadeira evolução.